Bonito, no Mato Grosso do Sul, abriga uma variedade imensa de aves e peixes, numa paisagem surpreendente.
A maior riqueza natural de Bonito está debaixo d'água. Imensos cardumes de peixes encantam visitantes do mundo inteiro. Os ecoturistas, porém, costumam olhar tanto pra baixo que, muitas vezes, se esquecem de contemplar as belezas que existem na direção oposta. No alto das árvores, um mosaico vivo de cores. Diferentes espécies revelam uma beleza ainda pouco explorada pelos observadores de aves nesta região do Mato Grosso do Sul, próxima à fronteira com o Paraguai. É um planalto que se estende por 300 quilômetros, também conhecido como Serra da Bodoquena. Uma área que abrange os municípios de Jardim, Bonito e Bodoquena. Um lugar com moradores que chamam a atenção. Em alguns casos, a beleza está num detalhe, seja nos olhos do choró-boi, ou no rabo do surucuá-de barriga-vermelha. Às vezes, a ave parece não ter nada de especial, até você descobrir o nome dela. É o caso da maria-cavaleira-do-rabo-enferrujado, ou do anambé-branco-de-bochecha-parda. Todas as aves podem ser discretas, mas sempre existem outras por perto que tentam roubar a cena.
A coroação de um símbolo
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“Com certeza. A gente ter uma ave-símbolo já é o primeiro passo, porque as pessoas começam a associar uma cidade com uma ave. Aí essa ave vai trazer os observadores pra cá. Não só interessados em observá-la, mas também em conhecer todas as outras espécies que nós temos na região”.
Rico em diversidade, o Planalto da Bodoquena já tem cerca de 400 espécies identificadas. Uma região com grande potencial para o turismo de observação de aves. "Praticamente todos os sítios turísticos tem aves interessantes e ainda nós temos o Parque Nacional da Serra da Bodoquena, que não está aberto ao público, mas assim que ele tiver visitação liberada, vai ser o grande atrativo”.
Na “Boca da Onça”
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Quem vem aqui, porém, não se contenta apenas em observar a cachoeira de cima. Para ver toda a beleza desse cenário, é preciso encarar uma grande aventura: a única maneira de avistar a queda d'água é lá de baixo e a forma mais rápida pra chegarmos lá é de rapel. Colocamos o equipamento de segurança, mas antes, o instrutor ainda dá algumas recomendações. Aberto o alçapão, ficamos diante de um abismo. Noventa metros nos separam do chão. Cercado por tanta beleza fica difícil saber para onde olhar. Abaixo, está o rio Salobra. Do outro lado, o Parque Nacional da Serra da Bodoquena. A reserva abrange uma área de 76 mil hectares e está em fase de regularização.
Da tensão inicial, à curtição, bastam alguns minutos. A plataforma começa a ficar pequena, sinal de que a nossa descida está chegando ao fim. Terminado o rapel, ainda é preciso descer a pé o restante do trajeto. Escadarias nos levam até a base da cachoeira. São 160 metros de queda, a maior cachoeira do Mato Grosso do Sul. Ali descobrimos porque ela se chama Boca da Onça. A resposta está na cavidade da rocha semelhante a uma boca de onça.
Na hora certa, no lugar certo
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O que os olhos vêem, nem sempre é o que a natureza tem pra mostrar. Às vezes, a revelação é tão sutil que requer mais do que um olhar atento. É tão rápido, que é preciso estar no lugar certo, na hora certa. Insetos fazem parte do cardápio da ariramba-de-cauda-ruiva, também conhecida como bico de agulha. Ela devora uma borboleta em poucos segundos. Apetite de quem acabou de despertar e terá um longo dia pela frente. A gralha picassa procura o café da manhã no tronco da árvore e se esforça para garantir a refeição. Na região de Bonito, tanto a comida como as casas das aves podem estar nos lugares mais surpreendentes.
Às araras o que é delas
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Demonstrações de amor que só encantam visitantes graças ao empenho de Modesto Sampaio, de 68 anos, o dono da fazenda onde fica um dos maiores atrativos do município de Jardim. Quando comprou a área de 100 hectares, há 18 anos, o buraco das araras era um lixão. Devido ao livre acesso, qualquer pessoa podia jogar o que bem entendesse buraco abaixo. Hoje, o que chama a atenção no fundo do buraco são cinco jacarés-de-papo-amarelo. Como eles foram parar lá embaixo, é um mistério.
De lixão para santuário
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Desde então, tem sido feito o reflorestamento de áreas ao redor da dolina, transformada há dois anos em RPPN, reserva particular do patrimônio natural. A bióloga Maria Antonieta Pivatto coordenou o plano de manejo da reserva e o considera um modelo. Um levantamento feito pela bióloga já identificou, na reserva, 125 espécies de aves. Elas atraem centenas de visitantes pra cá todos os anos. Plantada por seu modesto, a semente do ecoturismo cresce sem parar e o enche de satisfação.
Nas margens do rio Miranda
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Vamos partir pra pesca do dourado. A modalidade mais comum neste trecho do Miranda é a pesca desembarcada, no meio das pedras ou nas praias. O momento é muito propício porque o rio está bastante baixo. Essa é única maneira para se pegar o dourado nesses tempos.
Os primeiros arremessos não são bem sucedidos. A corredeira é boa, mas nada de peixe na linha. Seguimos mais adiante no rio e encontramos uma praia ideal: deserta e com bastante espaço. É um ótimo exercício. Nesse vai-e-vem na areia é que nossa pescaria começa pra valer. O rei do rio é brigador. Usamos um anzol 7/0 e jejum de isca. Uma isca atraente é importante, mas não garante sozinho o sucesso da pescaria.
Supresas na pescaria
Vamos atrás de outras corredeiras. À
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Toda pescaria sempre traz alguma surpresa. Em outro ponto do rio, Marcelo Gomes, pescador profissional, se surpreende com um Pacu fisgando a linha. O melhor, porém, estava reservado para o último dia. Atracamos no mesmo lugar onde mais bateu peixe, na véspera, e novamente não falha.
A pescaria vira festa. Dourados de diferentes tamanhos, mas que proporcionam sempre a mesma emoção. Alguns anos atrás era difícil fisgar dourados grandes aqui. Com as restrições à pesca no rio Miranda, os peixes têm crescido mais. Quando se trata de uma espécie tão esportiva, o desejo é que essa tendência não mude. Assim, a próxima pescaria pode ser ainda mais empolgante que a anterior.
Fonte: Terra da Gente
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