terça-feira, 6 de outubro de 2009

Adventure: quinto dia em Bonito-MS

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Por Dirceu Martins - Repórter Terra da Gente

Uma jibóia no pescoço

Quando Henrique Naufal - o homem da cobra de Bonito - falou que quebraria o preconceito, nenhum dos presentes concordou. A maioria torce o nariz ao ver uma serpente. Pensar em tocá-la, ou pior, deixar uma delas se enrolar no pescoço é tortura que quase ninguém tolera.
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E não é que o homem estava certo. Começou explicando que as cobras têm uma imensa carga cultural negativa, desde o pecado de Adão até as lendas dos sucuris que engolem gente. Segundo ele, tudo propaganda enganosa. Depois, Henrique mostrou a importância delas na cadeia natural: sem serpentes, a população de roedores explodiria. E os predarores, aves, lobos, peixes, onça! como suprir essa refeição alongada? E aí por diante.
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Os flashes espocaram. As lentes do nosso repórter fotográfico (e muito gente boa) Willy Ertel registraram o momento de coragem rara em poses com o simbolo do pecado em foco: nem a equipe do Terra resistiu à tentação.
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Ouvimos dizer que um dos passeios mais esperados por quem visita a região é a flutuação no córrego Olho D'água, no muncípio de Jardim, a 60 quilômetros de Bonito (Rio da Prata). Hoje descobrimos porquê. Logo no começo, flagramos uma sucuri (verdade mesmo, vivinha da 'silva'). A serpente deslisou suavemente pela água, desfilando destreza e elegância bem perto da gente. Prá quem não acredita, tá tudo gravado - espero, ainda não assiti ao retorno da subaquática.
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Depois, o cortejo dos cardumes: pacus, piraputangas, corimbas, piaus (cada piauzão!!) e... dourados, belos dourados. O mais legal é a chance de observar o comportamento do bicho como ele acontece na natureza: a majestade do rio costuma ficar atrás dos troncos, rebolando o corpanzil reluzente contra a correnteza, só na espreita de uma presa (talvez também pra evitar a nossa bisbilhotice).
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Quando as vacas começaram a fazer fila no pasto, seguimos para um entardecer com as araras vermelhas. A avistação não tem segredo. Há séculos (ou mais) elas se reúnem, na boquinha da noite, no buraco que o pessoal daqui chama de dolina (uma furna, um fosso formado pelo desabamento do teto do que algum dia já foi uma caverna subterrânea).
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É um espetáculo. Mais ou menos cinquenta casais (não deu pra contar, o guia que estima) voando e revoando sobre as nossas cabeças. Quando pousam, ficam olhando com mais curiosidade pra gente do que a gente pra elas. Com certeza pra elas somos estranhos. Ou será que não?
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Amanhã, encerramento. Tempo de curtir os últimos golinhos da expedição.
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